Por Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE. Fundador da Cenário Inteligência.
No meu último livro, Qual foi a influência da Lava Jato no comportamento do eleitor: do lulismo ao bolsonarismo, mostrei que desde 2005 o ex-presidente Lula convive com denúncias de corrupção e que elas proporcionaram o aumento da rejeição ao líder do PT. Em abril de 2017, 32% dos votantes afirmaram que foi no governo Lula que mais existiu corrupção. Em setembro de 2017, 55% dos eleitores declararam não votar em um candidato apoiado pelo ex-presidente Lula. Todos estes dados são advindos do Datafolha.
Lula não foi candidato à presidência da República na última eleição em decorrência da sua prisão. Fernando Haddad, o candidato do PT, foi ao 2° turno contra o então competidor Jair Bolsonaro. Mesmo com Lula preso e com a intensidade da Lava Jato na opinião pública, o lulismo possibilitou a ocorrência de dois turnos na eleição presidencial de 2018.
O líder do PT lidera a disputa presidencial há quase 02 anos. O presidente Bolsonaro recuperou popularidade, mas não reduziu fortemente a sua rejeição. O ex-presidente Lula tem rejeição estável e menor do que a do atual presidente da República. A memória econômica positiva da era Lula está ativa em grande parcela do eleitorado. A economia aparece hoje como o principal problema do Brasil.
A conjuntura é, aparentemente, favorável ao ex-presidente Lula. Portanto, não será surpresa, se Lula voltar a ser presidente. Todavia, neste 2° turno, Lula terá que enfrentar por mais dias a agressividade da campanha do presidente Bolsonaro. Diante disto, indago: É possível Bolsonaro superar Lula no 2° turno?
Vejo que o desafio do atual presidente não é tão grande, assim como as pesquisas sugeriram. Como mostrei no início deste artigo, mesmo com conjuntura amplamente desfavorável, o lulismo teve bom desempenho na eleição presidencial de 2018, e venceu o 1° turno. Todavia, o resultado da etapa inicial da eleição revela que o bolsonarismo concorre em pé de igualdade com o lulismo.
A reeleição de Bolsonaro não será um cisne negro, isto é: um evento improvável. As urnas mostraram, ao contrário das pesquisas, que a conjuntura era, aparentemente, favorável ao candidato do PT. Será um 2° turno intenso.