A CPI da Covid-19 e a decisão do STF sobre o ex-presidente Lula são os dois fatos políticos relevantes da semana. A CPI mantém o presidente Bolsonaro sob pressão. E na solidão. Esta, inclusive, advém da insistência do presidente da República em optar pelo conflito com as instituições, em vez do diálogo. Jair Bolsonaro construiu conflito até com os militares. Segmento que ele tem como chave para a manutenção da sua narrativa conflitiva.
Apesar da CPI da Covid investigar também governadores e prefeitos, não vejo cenário ótimo para o governo Bolsonaro. Algum fato poderá surgir, inclusive, que venha a tornar intenso no ambiente institucional o seu impedimento. Podem surgir fatos contra governadores. Entretanto, independente do que surgirá contra algum governador, é natural que surjam fatos contra o governo Bolsonaro. Portanto, incluir os governadores na CPI não salva o presidente Bolsonaro dos prejuízos que ela lhe trará.
O presidente Bolsonaro passará por tempestades já provocadas até o 2° semestre. Se conseguir se salvar, ele poderá obter benefícios do aumento da população vacinada contra a Covid-19. Contudo, tal benefício só virá se ele fizer o que já deveria ter feito: dialogar e não confrontar as instituições. Jair Bolsonaro ainda continua com chances de chegar em 2022 com razoável aprovação – Cenário 1. Por outro lado, não será surpresa se ele não chegar – Cenário 2. Inclusive, não será tanta surpresa se ele não disputar a eleição de 2022 – Cenário 3.
A decisão do STF aumentou a possibilidade de o ex-presidente Lula ser candidato em 2022. Tenho a hipótese de que ele só será candidato se tiver reais chances de vitória. Neste instante, não vejo evidências para Lula ou o PT não estar na disputa do 2° turno da disputa presidencial. O histórico bom desempenho do PT nas eleições presidenciais desde 1989 mais o desempenho de Fernando Haddad na eleição de 2018, mesmo com a intensa Lava Jato, sugerem que o PT estará no turno final da disputa de 2022.
A presença do Lula na eleição não enfraquece o candidato do Centro. Pois, Lula não é o principal adversário do Centro. Jair Bolsonaro é o principal adversário do competidor do Centro. A derrocada do governo Bolsonaro ou a não presença do atual mandatário da República na eleição de 2022 é o melhor cenário para o Centro. Com isto, é possível que no 2° turno, o candidato do Centro venha a derrotar o PT ao arregimentar eleitores refratários a Lula, PT e Jair Bolsonaro.
Um dado sempre a lembrar: não se deve desprezar os efeitos da Covid-19 na escolha do eleitor. Portanto, tenho dúvidas, por enquanto, de quais serão os sentimentos e desejos dos eleitores em 2022.