Por Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. Professor do Departamento de Ciência Política da UFPE.
O enfrentamento à covid-19 é o principal desafio do ano vindouro. A fraqueza no enfrentamento afeta a economia. Por consequência, possível aumento da impopularidade de Bolsonaro. E uma possibilidade/cenário: crise política. Não será surpresa se atores políticos e mídia voltarem a falar em impeachment do mandatário da República.
A eleição para a presidência da Câmara dos Deputados evidenciará a força do presidente Bolsonaro. Se Artur Lira (PP) vencer, Bolsonaro poderá impor as suas pautas à Câmara. Além de evitar pautas bombas. O fracasso no enfrentamento a covid-19 mais crise econômica condicionam a volta do debate sobre o impeachment do presidente da República. Caso Artur Lira seja eleito presidente da Câmara, ele tem o poder de não dar respaldo ao afastamento de Bolsonaro.
A fidelidade dos partidos do centrão ao presidente Bolsonaro será posto à prova durante 2021. Inicialmente, na disputa da Câmara dos Deputados. Artur Lira pode até perder. Mas precisa ser bem votado. Esta é uma premissa básica para que os parlamentares do centrão mostrem confiança e compromisso com o governo Bolsonaro. Reformas Administrativa e Tributária são outros desafios da Câmara e do presidente da República. Além da criação de programa social robusto.
O presidente Bolsonaro se divide entre a ideologização do mandato e da eleição de 2022 versus a recuperação da economia. Ambos podem ocorrer em 2021. Eles não são excludentes. É possível que aconteçam simultaneamente. De um lado, um presidente que defende pautas conservadoras, as quais reforçam a admiração dos seus eleitores convictos. De outro, a recuperação da economia. Porém, se a ideologização predominar, e a ressureição econômica não acontecer, Bolsonaro será candidato competitivo em 2022?
Lula continua a ser forte ator estratégico na vindoura eleição presidencial. Em 2021, ficará claro se o ex-presidente será candidato à presidência da República. Se sim, cenário ótimo para Bolsonaro e para o PT. E o pior cenário para os candidatos do centro. Se não, no centro estão, neste instante, João Doria e Ciro Gomes. O primeiro tem a vacina contra a covid-19 como cabo eleitoral. O candidato do PDT depende de razoável aliança e do enfraquecimento do PT para ser competitivo. Em 2021, é possível que Alexandre Kalil, Camilo Santana, Jacques Wagner, Rui Costa e Flávio Dino apareçam como fortes opções à presidência da República. 2021será intenso. Talvez mais do que 2020. Feliz 2021!