Por Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política e professor Associado do Departamento de Ciência Política da UFPE.
Antes da eleição municipal, a tese da nacionalização estava posta. No caso, as disputas locais sofreriam forte, razoável ou fraca influência do bolsonarismo ou do antibolsonarismo. Tal tese era plausível, em razão da intensa polarização observada na disputa presidencial passada e em virtude da dinâmica das redes sociais. A nacionalização influenciou fracamente as disputas municipais.
Se o efeito da nacionalização na eleição 2020 não foi intenso, não posso afirmar que o presidente Bolsonaro saiu enfraquecido da disputa eleitoral. Assim como não posso concluir que existe antipetismo intenso. Os confrontos observados em 2018 não foram fortemente observados em 2020. Isto não significa, entretanto, que eles não tenham existido fracamente.
Se o presidente Bolsonaro fosse filiado a algum partido político, como o PSL, e este tivesse conquistado, apenas, 50 prefeituras em todo o Brasil, era plausível afirmar que o bolsonarismo perdeu. Mas o mandatário da República não tem partido. Portanto, qual é o meu indicador para afirmar que o presidente Bolsonaro saiu enfraquecido da eleição municipal?
A fraca presença de Bolsonaro na eleição 2020 não revela nada, pois o raciocínio é simples: a sua forte presença na disputa municipal revelaria a sua força ou fraqueza. Portanto, não tenho evidências/indicadores para avaliar o bolsonarismo na recente disputa eleitoral. E, como frisei, o impacto da nacionalização na disputa municipal foi fraco.
Em 2022, o bolsonarismo estará presente, sem os efeitos da sua ausência no pleito eleitoral de 2020. O que não sei, neste instante, é qual será a força do bolsonarismo na disputa para presidente. Será força máxima, relativa ou fraca? O ano de 2021 dirá como o bolsonarismo chegará na disputa presidencial. Como o bolsonarismo é formado por elementos ideológicos, não considero apenas a economia para predizer a força do bolsonarismo em 2022.
Segundo pesquisa do PoderData realizada entre 23 a 25 de novembro, a aprovação do presidente Bolsonaro é de 42%. E a reprovação de 48%. Foi estratégico para o presidente da República o sumiço na eleição municipal? E se ele tivesse participado ativamente, os seus candidatos venceriam? E se o Aliança Brasil existisse, quantos prefeitos elegeria? Diante da ausência de evidências, concluo: Bolsonaro não perdeu nesta eleição.