O presidente Michel Temer decretou intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro. Tal atitude foi classificada como eleitoreira, pois diante do fracasso da aprovação da reforma da Previdência, o atual presidente optou pela intervenção com o objetivo de construir condições para ser candidato à reeleição. Este raciocínio aparenta ser verdadeiro.
Há muito tempo, existe crise na segurança pública do Rio de Janeiro. Por inúmeras vezes, o Exército foi chamado a intervir. Recentemente, a mídia deu forte ênfase à insegurança no Rio. No último Carnaval, a mídia não se absteve de sugerir aparente estado de descontrole social na capital fluminense. São inúmeras as declarações de atores que sugerem forte corrupção nas instituições, ausência de comando nas Polícias, insatisfação com as condições de trabalho por parte dos policiais, forte sensação de insegurança dos moradores. Além de um governador solicitando diariamente ajuda da União.
Existem outros estados que tem maior taxa de homicídio do que o do estado do Rio de Janeiro. Mas o Rio de Janeiro é desejado mundialmente por milhões de turistas. A capital fluminense convive com a guerra ao tráfico de drogas há anos. A guerra e a beleza do Rio de Janeiro atraem forte atenção da imprensa nacional e internacional. Portanto, o que um presidente da República deve fazer?
O cálculo do presidente Temer foi simples: “Posso segurar a reforma da Previdência até o final do ano. A não realização dela não ameaçará a recuperação econômica este ano. E, diante da extrema necessidade do Rio de Janeiro, vou decretar a intervenção, mesmo sabendo que ela inibirá a aprovação da reforma da Previdência”.
Se a intervenção trouxer popularidade para Temer e o previsto crescimento econômico ocorrer com geração de empregos, o atual presidente amplia as condições favoráveis para ser candidato à reeleição. A pauta da segurança pública, em razão da intervenção, estará na eleição presidencial, e Temer dirá que tem coragem para enfrentar os desafios da segurança pública presentes no Brasil. O candidato Temer também dirá que salvou a economia brasileira.
O atual presidente do Brasil é um bom cenarista. Sabe o que tem que fazer, faz e calcula as consequências futuras da ação. Ou seja: Temer sabia que tinha que decretar a intervenção. Decretou por necessidade, mas sabendo que ela poderá lhe render benefícios eleitorais.