Por Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política.
Para que serve a intenção de voto? A resposta é simples. Neste instante não serve para nada. Entretanto, são abundantes as pesquisas que trazem a posição dos candidatos na disputa eleitoral que ocorrerá em 2016. Existem pesquisas que mostram o desempenho dos candidatos na competição presidencial que ocorrerá em 2018. Tais pesquisas motivam avaliações equivocadas por parte dos competidores quanto às suas reais chances de vencer a eleição.
Qual é o nível de conhecimento do candidato entre os eleitores?Esta é uma indagação estratégica. Se Pedro, candidato a prefeito, é novato em disputas eleitorais, portanto, com reduzido porcentual de conhecimento, como posso asseverar que ele não é um candidato competitivo? Alguém, motivado pela ilusão da intenção de voto, dirá que ele não é um candidato competitivo, pois só tem 5% de intenção de votos.
Pedro só tem 5% de intenção de votos em razão de que poucos eleitores o conhecem ou sabem que ele é candidato a prefeito. Portanto, a posição de Pedro, neste instante, na corrida eleitoral, não oferta informação factível para considerar se ele é ou não um candidato competitivo na eleição vindoura.
Quais as demandas dos eleitores?Quem são os atores responsáveis por tais demandas? Quais os sentimentos dos eleitores? Quais as expectativas dos sufragistas? Quais eventos podem interferir, caso ocorram, no desempenho dos competidores? Quais os indicadores que possibilitam a aprovação ou a reprovação do gestor atual? Estas perguntas são vitais. Portanto, elas importam consideravelmente, ao contrário da intenção de votos.
As respostas para as perguntas apresentadas serão encontradas através do diálogo exacerbado entre pesquisas qualitativas e quantitativas. As primeiras oferecem ao estrategista os significados para os eleitores dos atores, dos fatos e da gestão do prefeito. Através da verbalização dos entrevistados, a pesquisa qualitativa permite que a mente dos eleitores, no caso os seus sentimentos e desejos, sejam identificados e interpretados.
As pesquisas quantitativas podem ser realizadas concomitantemente com as qualitativas. Entretanto, observo que o ideal é que as qualitativas sejam realizadas inicialmente, pois os resultados delas contribuirão para a construção dos questionários da pesquisa quantitativa e a quantificação dos significados encontrados.
Eleitores buscam informações para a tomada de decisão. Alguns são dedicados à busca da informação. Outros são preguiçosos ou desinteressados. Mas, majoritariamente, eles têm sentimentos para com outrem e possuem visões de mundo. Portanto, têm opiniões. Deste modo, o que importa neste instante não é a intenção de voto. Mas os pensamentos dos eleitores, os quais são extraídos das pesquisas e que contribuirão para a construção de estratégias que motivem os eleitores a escolherem dado candidato.