Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. 38 anos. Professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Sócio da Contexto Estratégia. Autor de variados artigos e livros sobre o comportamento do eleitor brasileiro. Dentre os quais: Eleições e pesquisas eleitorais – Desvendando a Caixa-Preta, Editora Juruá, 2012.
As pesquisas eleitorais não devem ser avaliadas globalmente. Cada variável trazida pela pesquisa deve ser segmentada, pois desta forma é possível encontrar nichos eleitorais que ofertam informações valiosas para a análise política e para a criação de estratégias. Diante da quantidade de dados que estão sendo disponibilizados pelos institutos de pesquisas, um indicador me chamou a atenção, qual seja: a avaliação da presidenta Dilma Rousseff nas Regiões Metropolitanas e no Interior.
O indicador Avaliação da administração é utilizado pelos estrategistas e acadêmicos como preditor dos resultados eleitorais. Neste caso, se os presidentes estão bem avaliados, eles tendem a ser eleitos. Entretanto, inúmeras eleições, as quais ocorrem nos âmbitos municipal, estadual e federal, revelam, empiricamente, que campanhas importam para a reconstrução de gestões mal avaliadas. Ou para a desconstrução de gestões bem avaliadas. Portanto, a variável Avaliação da Administração é um indicador importante quando consideramos a possibilidade de recuperação ou desconstrução da gestão dos incumbentes através das campanhas eleitorais e das circunstâncias.
Constato, ao analisar o porcentual de eleitores que aprovam (ótimo/bom) a gestão da presidente Dilma Rousseff, diferenças importantes quando segmento os resultados. Conforme revelam os dados das variadas pesquisas do Datafolha (Cf. gráfico ao final do texto), a aprovação da presidenta Dilma Rousseff é superior no espaço geográfico denominado de Interior. E é menor noutro espaço geográfico: a Região Metropolitana. Diante desta constatação, surge-me uma indagação: quais as razões das diferenças de porcentuais?
A resposta para tal pergunta é simples diante de diversas hipóteses, as quais precisam, obviamente, de comprovação. Elenco quatro hipóteses: 1) Quanto menor o municipio, melhor a satisfação do eleitor com a oferta de serviços públicos, como saúde e educação; 2) Programas sociais como o Bolsa Família possibilitam maior porcentual de eleitores satisfeitos com o bem-estar econômico em cidades do interior; 3) A inquietude dos eleitores para com a ausência de mobilidade é mais forte nas cidades que integram as Regiões Metropolitanas; 4) 77% dos domicílios das áreas de moradia informal, precária e pobre estavam, em 2010, nas Regiões Metropolitanas (IBGE). Portanto, a qualidade de vida nas Regiões Metropolitanas é menor do que nas cidades do Interior. Sendo assim, nestes espaços, observam-se eleitores mais insatisfeitos e inquietos com os gestores públicos.
As hipóteses apresentadas sugerem que nas Regiões Metropolitanas parte dos eleitores estão apreensivos com os governos, em particular, com a gestão de Dilma Rousseff. Sendo assim, o desafio da presidenta é aumentar a aprovação da sua gestão entre os eleitores destas regiões. Mas de que modo fazer isto, diante de desafios que para serem superados, necessitam dos apoios de prefeitos e governadores, como, por exemplo, a mobilidade urbana? A possibilidade de reduzido crescimento econômico em 2014 inibirá a criação de euforias eleitorais prol Dilma Rousseff nas Regiões Metropolitanas?
As duas indagações apresentadas, além dos dados contidos no gráfico a seguir, representam problemas eleitorais para Dilma e sugerem que ela precisa ter ótimo desempenho eleitoral nas cidades do interior, em particular do Nordeste, para vencer a eleição. Os dados e os questionamentos também revelam oportunidades eleitorais para os presidenciáveis da oposição.