Adriano Oliveira – Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. 38 anos. Professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Autor de variados artigos e livros sobre o comportamento do eleitor brasileiro. Dentre os quais: Eleições e pesquisas eleitorais – Desvendando a Caixa-Preta, Editora Juruá, 2012.
Pesquisas eleitorais servem para a construção de especulações eleitorais. Muitas vezes, tais especulações representam vereditos. Modelos estatísticos, tão costumeiramente utilizados pela Ciência Política em trabalhos acadêmicos, buscam explicar os resultados das eleições após elas findarem. As pesquisas que sugerem vereditos e os modelos estatísticos contribuem fracamente para tornar inteligível o processo de aperfeiçoamento da compreensão do comportamento do eleitor.
As pesquisas eleitorais, em particular a variável intenção de voto, sugere a situação do competidor em dado contexto social. Os modelos estatísticos utilizados em pesquisas acadêmicas sugerem quais as variáveis que motivaram as escolhas dos eleitores. Tanto as pesquisas como os modelos pecam ao não considerar três aspectos essenciais na busca da compreensão das escolhas do eleitor: 1) O contexto em que o eleitor está inserido; 2) As campanhas eleitorais; 3) Os cisnes negros eleitorais.
O contexto social em que o eleitor está imerso é uma variável que pode vir a condicionar a escolha do eleitor. Portanto, se os eventos presentes no contexto e as suas características não forem consideradas, a intenção de voto é meramente um dado desprovido de qualquer sentido. Deste modo, a análise desta intenção precisa estar acompanhada da compreensão do contexto, pois assim ela adquire significado. Além disto, quando se especula quanto às características e os eventos que poderão estar presentes em contexto futuro, é possível construir cenários quanto ao desempenho dos candidatos.
As campanhas eleitorais são variáveis intervenientes na competição entre candidatos. Neste sentido, elas interferem nas escolhas dos eleitores. Tal afirmação é comprovada ao constatar-se a diminuição gradativa dos eleitores indecisos e dos votos brancos e nulos em virtude da aproximação do dia da eleição. Os eleitores órfãos de candidatos hoje podem vir a escolher um competidor em virtude da interferência da campanha eleitoral. Outros indicadores importantes para verificar a influência das campanhas são: 1) Aumento dos porcentuais dos candidatos na resposta espontânea do eleitor quando ele é provocado a expressar a sua opção eleitoral; 2) Aumento do porcentual do nível de conhecimento dos candidatos por parte dos eleitores.
Os cisnes negros eleitorais são eventos não previsíveis que ocorrem nos contextos sociais e que têm força para mudar as escolhas dos eleitores. Estes cisnes podem surgir fortuitamente ou ser construídos intencionalmente por um competidor no decorrer da disputa eleitoral. Denúncias contra algum candidato, temas morais que geram polêmicas eleitorais e estratégia utilizada por dado competidor que cause forte impacto na mente dos eleitores. Estes são exemplos de cisnes negros eleitorais que são verificados costumeiramente em variadas eleições.
Em recente pesquisa do IBOPE (26/09/2013), a presidenta Dilma Rousseff obtém 38% de intenções de voto; a ex-senadora Marina Silva conquista 16%; o senador Aécio Neves obtém 11%; e o governador Eduardo Campos, conquista 4% de intenções de voto. Tais dados refletem a força eleitoral do incumbente, o qual por assim ser, já utiliza as ferramentas das campanhas eleitorais. Os dados refletem o contexto em que a disputa ocorre: a presidente Dilma utilizou de ferramentas de campanha para anunciar ações que provocaram o eleitor; ausência de eventos econômicos trágicos. Por fim, os dados refletem a ausência de cisnes negros.