Adriano Oliveira – Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. 38 anos. Professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Autor de variados artigos e livros sobre o comportamento do eleitor brasileiro. Dentre os quais: Eleições e pesquisas eleitorais – Desvendando a Caixa-Preta, Editora Juruá, 2012.
As negociações políticas visando às eleições de 2014 mostram agremiações partidárias procurando portos seguros. Costumeiramente, as notícias advindas da imprensa revelam partidos em negociação e chapas sendo previamente formadas. Porém, estas notícias não revelam claramente o que está por trás da negociação: a expectativa de podermomentânea dos partidos políticos.
Expectativa de poder momentânea significa conjuntos de eventos presentes na agenda midiática que sugerem caminhos eleitorais a serem trilhados pelos partidos políticos na disputa presidencial de 2014. As seguintes manchetes encontradas na imprensa sugerem a expectativa de poder momentânea das agremiações partidárias: “PMDB ameaça não apoiar Dilma”, “PDT não garante apoio à Dilma”, “PSB flerta com o PSDB”. Estas manchetes não têm significados concretos. Elas representam ruídos que são construídos intencionalmente pelos atores políticos.
O significado concreto da negociação política passa a existir, entretanto, quando consideramos na interpretação das manchetes midiáticas a variável expectativa de poder. Neste caso, a premissa empírica é: governos bem avaliados exercem força centrípeta junto aos partidos. E governos mal avaliados exercem força centrifuga. Se governos estão bem avaliados, mais partidos lhes ofertarão apoios. E, por consequência, alianças eleitorais surgem. Entretanto, diante da má avaliação do governo, partidos tentam construir novas opções de alianças.
São as pesquisas eleitorais que conduzem as ações dos partidos. São elas que ditam o ritmo pendular das verbalizações dos atores políticos quanto às possíveis alianças. Em dado instante, diante de uma pesquisa, o partido “A” declara apoio incondicional ao governo. Mas, em razão do surgimento de outra pesquisa, após três meses da primeira divulgada, o partido “A” revela possível apoio à oposição. As declarações se repetem a cada divulgação de pesquisa e findam quando da realização das convenções partidárias.
No momento, o contexto é caracterizado pelas declarações pendulares de apoios a três partidos: PT, PSDB e PSB. Porém, a rivalidade PT versus PSDB presente nas eleições presidenciais desde 1994, poderá permanecer na disputa de 2014. Na última eleição, o PV, através da candidatura de Marina Silva, quase conseguiu romper com tal dicotomia. No momento, existe a perspectiva de que o PSB quebre com tal dicotomia.
Além da tradicional disputa entre PT versus PSDB, observo a existência do pemedebismo. Sob influencia do filósofo Marcos Nobre, autor do livro “Choque de democracia: razões da revolta” (Companhia das Letras, 2013), afirmo que os partidos pemedebistas são aqueles que gravitam historicamente no poder. Neste caso, eles não apresentam candidaturas presidenciais, mas ofertam apoios motivados pela expectativa de poder, e com isto conquistam espaços no governo.
A expectativa de poder momentânea do PSB sugere duas possibilidades neste instante: 1) Atrelamento a Dilma; 2) Candidatura presidencial. Caso a primeira possibilidade se concretize, o PSB será incluído no universo de partidos pemedebistas. O partido de Marina (Rede), caso seja criado, ofertará a sua candidatura. Neste caso, ele não será inserido no universo pemedebista.