Pesquisas de opinião quantitativas realizadas distantes do período eleitoral quando aplicadas com perguntas inteligentes são úteis. Indagações inteligentes são aquelas que decifram a realidade e sugerem possibilidades quanto ao futuro. Isto é: pesquisas inteligentes permitem a construção de cenários eleitorais. Estes, por sua vez, orientam as decisões dos atores.
Quando atores políticos e analistas apenas consideram na interpretação das pesquisas as intenções de voto, desprezam as conjunturas que estão por vir. Por consequência, podem vir a criar assertivas equivocadas quando ao desempenho futuro do candidato. Por exemplo: Quais os indicadores que sugerem o crescimento de qualquer candidato da oposição à presidente Dilma? A pergunta correta que deve ser feita é: Quais os contextos que estão por vir que podem possibilitar o crescimento dos candidatos de oposição à presidente Dilma?
A primeira pergunta despreza indicadores científicos e utiliza “chutes numéricos” para sugerir o futuro. “Chutes numéricos” abandonam indicadores palpáveis, ou melhor, relegam os fatos objetivos contidos na realidade. A segunda pergunta apresentada busca, inicialmente, prognosticar contextos/cenários em que a disputa eleitoral poderá ocorrer. São estes cenários que fornecerão indicadores para a construção dos prognósticos eleitorais. Os contextos/cenários são construídos através de informações diversas do cotidiano e de pesquisas, as quais não se resumem a revelar quem lidera.
Os candidatos da oposição à presidenta Dilma poderão crescer eleitoralmente caso a conjuntura econômica desfavorável venha a surgir. Outra possibilidade para tal crescimento é a ocorrência de escândalos políticos quem envolvam o partido da presidenta ou ela própria. E, claro, não se deve desprezar a possibilidade do crescimento dos candidatos da oposição caso eleitores percebam ineficiência da máquina pública no atendimento das suas demandas e responsabilizem a presidenta ou o PT por tal fato.
Caso os cenários sugeridos não venham a ocorrer, os candidatos da oposição continuarão, por enquanto, a disputar o universo de 41% (Pesquisa Datafolha, 22/03/2013 – Soma de votos de todos os candidatos da oposição mais Brancos/Nulos) de eleitores que optam, diante de dado contexto, por votar em candidatos de oposição à Dilma. E é neste universo que os candidatos Eduardo Campos, Aécio Neves e Marina Silva disputam, neste momento, espaço. Saliento, contudo, que existe, neste momento, grande incerteza quanto à candidatura de Marina em razão das possíveis mudanças que poderão ocorrer na legislação eleitoral.
Obviamente, conforme raciocínio exposto no artigo, conjunturas desfavoráveis à presidente podem vir a ampliar o universo de eleitores dispostos a escolherem candidatos da oposição na competição eleitoral de 2014. Neste caso, a redução da popularidade de Dilma será vetor causal para o aumento de tal universo.
O papel do estrategista é de prognosticar o futuro. E com isto, criar às estratégias adequadas para o sucesso eleitoral do competidor. Mas o estrategista não é apenas fornecedor de notícias boas. Ele pode revelar ao competidor que suas chances são diminutas para o sucesso eleitoral.