Na análise política os contextos presentes e vindouros não devem ser desprezados. Eles importam e devem sempre ser considerados em virtude de que eles são dinâmicos. Diante desta premissa fundamental, considero que a tomada de decisão do ator político deve considerar, prioritariamente, dois contextos: o institucional e o eleitoral. O primeiro corresponde às regras institucionais que regem a competição eleitoral. O segundo é o conjunto de eleitores que estão presentes no mercado eleitoral.
Os diversos competidores de 2014 precisam considerar concomitantemente ambos os contextos. Os candidatos em 2014 que não possuem mandato têm até outubro deste ano para se filiar a uma legenda partidária, ou se já for filiado, a trocar de agremiação. Este é o caso, por exemplo, do ministro Fernando Bezerra Coelho (PSB). Neste instante, o ministro é filiado ao PSB e deseja competir nas eleições de 2014. Avalio que o ministro tende a tomar uma decisão até outubro deste ano, caso ele mantenha o desejo de disputar as eleições de 2014 em razão das (1) limitações impostas pela legislação eleitoral, (2) da possível candidatura à presidente de Eduardo Campos e (3) da sua aproximação com a presidente Dilma.
Por enquanto, o contexto eleitoral não pesa tanto na decisão de Fernando Bezerra, pois se ele for candidato a governador ou a senador, ele precisa definir, prioritariamente, por qual agremiação disputará a eleição. Dilma, Aécio e Eduardo, por outro lado, dependem, neste instante, do contexto eleitoral e este interferirá fortemente no vindouro contexto político.
A formação de alianças partidárias por parte de Aécio e Eduardo tornar-se-á processo fácil caso cresçam nas futuras pesquisas eleitorais. O crescimento de ambos requer que ocorra em momento adequado, pois o prazo para a formação de alianças partidárias finda em junho de 2014. Se até este mês ocorrer o crescimento de ambos ou de um ou outro, Dilma tende a observar deserções de partidos da sua ampla coalizão partidária.
Mas se o crescimento de Aécio e Eduardo não ocorrer entre os eleitores, Dilma tende a manter a coalizão partidária. Entretanto, Aécio pode crescer e Eduardo não. Ou processo contrário. Neste caso, o melhor posicionado nas pesquisas em meados do primeiro semestre de 2014 tende a conquistar os partidos que poderão desertar da coalizão dilmista e também vir a conquistar outras agremiações que hoje não fazem parte do governo do PT.
Por vezes, o contexto eleitoral influencia a formação do contexto político. Mas não tão frequentemente, o contexto político influencia o contexto eleitoral. Deste modo, tenho a hipótese de que o contexto político depende fortemente do contexto eleitoral. Diante deste raciocínio, Aécio e Eduardo dependem do desempenho de Dilma entre os eleitores para formar alianças partidárias eficientes e adquirirem mais condições de competitividade.