Por Adriano Oliveira – Cientista Político
A nova pesquisa do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau/Leia Já sugere lógicas eleitorais que estão presentes na disputa da eleição do Recife. A lógica eleitoral é um conjunto de raciocínios coerentes que permitem a construção de equações sociais que representam a dinâmica de específica realidade.
O PT, independente do candidato, tem condições de vencer a disputa eleitoral em Recife. A oposição, independente do candidato, não anima, por enquanto (mas animará?), o eleitorado do Recife. Estas constatações surgem diante das seguintes condições: (1)47% dos eleitores consideram que a administração de João da Costa é Ruim/Péssima; (2) 72% afirmam que ele não merece ser reeleito; (3) e 37% tem medo de que João da Costa venha a ser, novamente, prefeito do Recife.
Diante disto, indago: (1) Por que, em um universo de 67% de eleitores que afirmam que é o PT que está à frente da prefeitura do Recife, 65% desejam que o PT continue no comando da gestão municipal? (2) Por que os candidatos da oposição não empolgam o eleitor, mesmo diante de um prefeito, o qual é do PT, mal avaliado?
Os cenários eleitorais analisados mostram que a não presença de João Paulo e a diminuição do número de candidatos possibilitam que o número de votos Brancos/Nulos seja alto – 45% (Cenário 2)e 52% (Cenário 3).
No cenário 3, Maurício Rands aparece como candidato do PT. O seu percentual é reduzido, em razão de que os eleitores ainda não sabem que ele é pré-candidato do PT (Hipótese) e também em função de que 33% nunca ouviram falar dele. Em razão disto, ocorre o aumento dos votos Brancos/Nulos.
Nos cenário 2, onde Mendonça Filho e Raul Henry disputam contra João da Costa, o percentual de Brancos/Nulos é de 45%. Portanto, 45% dos eleitores rejeitam os dois principais candidatos da oposição, os quais são os mais conhecidos da oposição, vale salientar, e rejeitam também o prefeito João da Costa.
Se Mendonça Filho é reconhecido, após João Paulo, como o principal opositor de João da Costa, era plausível que ele tivesse mais votos do que o atual prefeito, o qual não é bem avaliado – lembro que o candidato do DEM foi o segundo colocado na última disputa eleitoral contra João da Costa.
Entretanto, a pesquisa indica de que ele está em empate técnico com João da Costa (melhor resultado, por sinal) – Cenário 2. Além disto, no cenário 2, com a presença de Mendonça Filho, 45% dos eleitores ainda não escolheram candidato. Indago: por que parte destes eleitores não optou por Mendonça filho?
Se Raul Henry, assim como Mendonça Filho, disputou a eleição contra João da Costa no último pleito municipal, por que ele não avançou sobre o eleitorado que não avalia positivamente a gestão de João da Costa? Henry é conhecido do eleitor.
No cenário 2, o candidato do PMDB obtém 10% de intenção de votos. E 45% dos eleitores não optam nem por ele, nem por Mendonça, nem por João da Costa. Por que parte destes eleitores não optou por Raul Henry?
Os desempenhos de Mendonça Filho e Raul Henry sugerem que eles precisam ser criativos para provocar e conquistar os eleitores que não aprovam a administração de João da Costa. E também precisam ser criativos para apropriar-se de parte dos 30% dos eleitores que classificam a administração de João da Costa como regular.
Daniel Coelho, Raul Henry, Raul Jungmann, ou qualquer outro candidato que venha a disputar a eleição contra o PT, precisa, necessariamente, superar Mendonça Filho. Portanto, o principal desafio dos candidatos da oposição, num primeiro momento, não é superar o PT, mas superar Mendonça Filho, o qual tem um eleitorado cativo – aparentemente. Mas é possível isto acontecer?
Neste instante, considerando as estratégias e a paralisia dos candidatos da oposição, observo que é árdua a tarefa dos oposicionistas para superar Mendonça Filho – outro oposicionista.
A pesquisa revela que a tese de que múltiplas candidaturas possibilitam o segundo turno é falsa neste instante. Observem que mais candidatos não enfraquecem a liderança de João da Costa. Mais candidatos enfraquecem o percentual de votos dos candidatos da oposição – vejam o percentual de Mendonça Filho no cenário 1 e compare com os demais cenários.
Apesar de muitos analistas e candidatos não buscarem identificar as lógicas eleitorais, opto pelo caminho inverso. Deste modo, afirmo:
1)O PT, independente do candidato, tem condições de vencer a disputa eleitoral, mesmo diante da existência de uma administração mal avaliada;
2)Isto ocorre, em virtude de que os candidatos da oposição ainda não animaram o eleitor, dentre outros fatores. Eles precisam ser criativos para a contemplação de tal empreitada.
3) A tese de múltiplas candidaturas não beneficia a oposição. Ao contrário, a enfraquece. Os candidatos da oposição confundem as estratégias. Não é o PT o principal adversário da oposição. Mas Mendonça Filho. Esta constatação é cruel!
4)Por sua vez, este, para estar no segundo turno, precisa crescer. Mas precisa crescer menos do que os demais candidatos da oposição. Então, o desafio de Mendonça é mais fácil do que os dos demais candidatos oposicionistas?
5)Portanto a equação é clara: Para ocorrer o segundo turno, Mendonça Filho precisa crescer. Ou os candidatos da oposição precisam, inicialmente, superar Mendonça Filho ou se aproximar fortemente dele. Eventos de forte repercussão eleitoral necessitam acontecer para retirar a possibilidade da ida do PT ao segundo turno. Mas isto não significa que, necessariamente, o segundo turno ocorrerá.
6)Uma pergunta básica: é possível a oposição vencer a disputa eleitoral no primeiro turno? Resposta que carece de mais pesquisas para ser dada.