A realização de pesquisas eleitorais regulares possibilita a identificação de tendência e a construção de prognósticos. Numa série de pesquisa, o analista deve ficar atento à regularidade dos resultados e as mudanças, as quais podem vir representar tendência.
Os eleitores estão numa trajetória. Nesta trajetória, eles fazem escolhas. No instante T1, ele pode optar por reprovar a administração do prefeito. No instante T2, ele opta por aprovar. Esta mudança nas escolhas eleitorais é explicável, pois, os eleitores, aos caminharem na trajetória, recebem a influência dos mais variados eventos, os quais influenciam ou não na escolha do eleitor. As escolhas dos eleitores não são estáticas.
Os eleitores estão dentro de um trem e através deste percorrem a trajetória. Cada candidato representa uma estação. Os eleitores vislumbram encontrar na estação (candidato) uma vida melhor, bem-estar, propostas para os problemas da cidade e discurso emotivo. Os candidatos têm as suas estratégias ou apenas a imagem para fazer com que o eleitor pare e permaneça em sua respectiva estação.
Ao analisar a terceira rodada de pesquisa do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) /Leia Já/JC, constato que parte dos eleitores que antes não paravam na estação João da Costa, optou desta vez por parar. As razões desta opção foram duas: 1) Faltam candidatos na oposição que animem o eleitor; 2) Eventos criados pela gestão João da Costa.
Não foi apenas a variável intenção de voto que variou positivamente para João da Costa, mas também a avaliação da sua gestão. Em janeiro, 30% dos eleitores avaliavam a gestão de João da Costa como péssima. Nesta ultima pesquisa, o percentual é de 24%. As variáveis Bom/ótimo variaram positivamente.
Ao avaliar os sentimentos dos eleitores, constato que 73% afirmam que João da Costa não merece ser reeleito. Em janeiro este percentual era de 75%. Observo variação decrescente. Em janeiro, 20% dos eleitores frisaram que João da Costa merecia ser reeleito. Desta vez, o percentual foi de 25%. Neste caso, variação positiva. O contraste de variação revela que João da Costa possa estar se recuperando (Tendência).
Mas existe um ponto fundamental: em janeiro, 34% dos eleitores tinham medo de que João da Costa viesse a ser prefeito do Recife. A pesquisa de março revela que 42% têm medo de que o atual prefeito do Recife venha a ser prefeito. Os sentimentos merecimento e medo dos eleitores ao serem compreendidos conjuntamente sugerem, em parte, que os eleitores pararam na estação João da Costa em virtude deles não terem outra opção.
Corroborando com esta minha assertiva, estão os votos brancos/nulos nos cenários que João Paulo não está presente. Em todos estes cenários, os votos brancos e nulos estão acima de 40%. Isto significa que os eleitores não têm opção na oposição ou os candidatos da oposição não animam o eleitor.
É importante destacar, contudo, que alguns candidatos da oposição são fortemente conhecidos do eleitor. Isto faz com que dados candidatos possuam, possivelmente, limites para crescimento. A oposição precisa de um candidato que diga ao eleitor que ele é uma opção ao PT (A pesquisa revela que o PT é admirado pelos releitores) e a João da Costa. Mas o eleitor precisa entender e acreditar nisto.
Apesar da rejeição de João da Costa e da reduzida aprovação do seu governo, o prefeito do Recife está numa situação confortável, pois as circunstâncias, neste instante, lhes favorecem, ou seja: existe uma imensidão de eleitores que não optam pela oposição.
Além disto, João da Costa poderá contar com o apoio de Eduardo Campos, o grande eleitor desta disputa municipal como a pesquisa revela. E, enfim, João da Costa poderá ter o silencio de João Paulo, o qual fará com que os eleitores da estação João Paulo rumem para a estação João da Costa como bem revela a pesquisa.