Djalma Silva Guimarães Júnior – Economista do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau
Vários são os fatores que tem ampliado a competitividade empresarial na economia brasileira, a abertura econômica, a estabilidade macroeconômica e mais recentemente o crescimento econômico tem atraído novos investimentos, fatores que tem criado um ambiente cada vez mais competitivo.
Uma análise da competitividade não pode deixar de lado o impacto das novas tecnologias na prática empresarial, bem como o surgimento de novos canais de comercialização como o e-commerce.
No entanto, a absorção dos novos conceitos e tendências empresariais trazidas a partir dos anos 1990 não tem sido incorporados de forma homogênea por toda economia. Em algumas regiões como a Região Nordeste, a resistência a estes novos ventos ainda é um pouco maior quando comparado ao Centro Sul do país.
Esta temática esteve à margem das discussões por um longo tempo, só ganhando espaço nos últimos anos com a emergência da região nordeste, sua expansão do consumo e da renda. Alguns aspectos da política macroeconômica, sobretudo os relacionados ao investimento público e a política de rendas, tem gerado um efeito multiplicador no produto, renda e consumo da região.
Como ocorre em qualquer mercado, o capital se move em busca do lucro extraordinário. Ou seja, o crescimento econômico do NE tem atraído e atraíra grupos empresariais de outras regiões do país e até de outros países, para os setores: comércio, indústria e serviços. Logo, em pouco tempo o ambiente competitivo será mais duro para as empresas da região.
O efeito desta entrada de novos players no mercado deve acender um sinal de alerta para o empresariado local, pois em grande parte de nossas empresas ainda predomina a organização do tipo “empresa familiar” na qual em alguns casos existe certa resistência a mudanças que introduzam uma “modernização competitiva”. Tais empresas quando submetidas a uma concorrência com empresas mais competitivas, que trazem novos conceitos gerenciais, de atendimento ao cliente, de gestão da produção, etc., podem vir a sucumbir.
Outro problema resulta do fato de que tal resistência a “modernização competitiva” traz desvantagens relacionadas a baixa capacidade de geração/incorporação de inovações e a conseqüente baixa capacidade de desenvolvimento de novos produtos/serviços. Um aspecto visível de tal gargalo é a ainda baixa inserção de empresas da região no aproveitamento de novas mídias, quando comparado a realidade empresarial de outras regiões do país.
Assim no médio prazo muitas empresas nordestinas, sobretudo empresas familiares se depararão com o dilema: Competitividade ou Morte! Adquirir competitividade no curto prazo poderá garantir-lhes maior capacidade de fazer frente ao novo nível de concorrência que se aproxima da região.
Quais são então algumas das fontes de competitividade que as empresas nordestinas podem adquirir? São muitas, apresentaremos apenas algumas necessidades básicas: Valorização da mão-de-obra, o nível de insatisfação do consumidor do setor comercial, por exemplo, é muito elevado; investimentos na profissionalização da administração da empresa é outro requisito necessário, o empresário nordestino gasta muito tempo com tarefas burocráticas, tempo que deveria ser destinando a “fazer negócios” que é o que ele faz de melhor; desenvolvimento de relações de parceria na cadeia de suprimentos, dentre outros. Tais medidas já podem trazer resultados de curto prazo.
As várias mudanças necessárias demandam tempo e dinheiro. No entanto, o primeiro desafio a ser superado é o da perspectiva. O empresário precisa encarar o dispêndio inicial com a “Modernização Competitiva” como investimento, e não como custo. Pois tais medidas tendem a se refletir em ganhos de produtividade e vendas futuros, ou seja, Sobrevivência!