Partido não vai “atropelar” os planos de Alckmin, afirma Afif
Thiago Azurem
março 27, 2011
Folha de São Paulo, 27/04/2011
Principal fiador do PSD, legenda que será criada para dar ao prefeito Gilberto Kassab um palanque na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, o vice-governador Guilherme Afif Domingos afirma que a nova sigla não significa rompimento com o PSDB-SP.
À Folha ele ataca os remanescentes do DEM, desconversa sobre disputar a sucessão de Kassab e diz que os planos do prefeito de concorrer ao governo paulista podem ser executados "sem atropelar" o governador Geraldo Alckmin. (DL)
Folha – Há desconforto entre aliados de Alckmin pelo sr. ter deixado o DEM para, ao lado de Kassab, fundar o PSD?
Guilherme Afif Domingos – Eu me reporto diretamente ao governador, nunca ao seu entorno. E não existe uma dissidência entre o nosso grupo e o do Geraldo. Existe dissidência interna, no DEM.
Interlocutores de Alckmin tentaram demovê-lo da ideia de migrar para o PSD?
Nunca me foi pedido para não fazer. Eles estavam preocupados com o que aconteceria. E eu sempre os mantive informados. Sou o fiador dos entendimentos do nosso grupo com o do governador.
A criação do PSD está ligada ao anseio de Kassab de disputar o governo. Isso coloca o prefeito como possível adversário do governador…
É erro de avaliação. Estamos fazendo um partido para disputar 2012. Tenho o compromisso de atuar para que Alckmin seja bem avaliado e encaminhe seus projetos -o mais claro é a reeleição.
Mas o projeto do prefeito não passa pelo governo estadual?
A reeleição do Alckmin é quase natural, a não ser que ele não queira. Kassab tem 50 anos e sabe que a hora dele pode chegar sem atropelar esse processo.
Kassab o apresentou como possibilidade para a sucessão na Prefeitura de São Paulo. O sr. aceitaria disputar o cargo?
Qualquer processo sucessório que começa com nomes não dá certo. É preciso começar construindo alianças e, dentro desse arco de alianças, descobrir o nome de maior consenso. Mas não fui eu que postulei [a indicação].
O PSD descarta uma fusão após 2012?
O partido nasce como um filete e, no seu percurso, se estiver na direção certa, ele vai acabar compartilhando e agregando com outros que queiram o mesmo caminho.
O sr. consegue avaliar como o desgaste com o DEM chegou a esse ponto, o da ruptura?
Pretendeu-se um partido moderno com práticas antigas. Optou-se por uma oposição sectária e, por fim, a sigla ficou esperando um presidente para se consolidar. Apostou-se no Serra. Perdemos. O que o DEM fez? Ficou esperando. Decidimos sair.
O envolvimento do ex-governador do DF José Roberto Arruda em escândalos contribuiu para o desgaste do DEM?
Para esse grupo que permaneceu no DEM, sim. Até porque me parece que eles estavam muito articulados.