Enquanto o Congresso ressuscita a reforma política com promessas de melhor ordenar a atuação de partidos e ocupantes de cargos eletivos, a sociedade busca caminhos próprios para participar da vida pública. Criar um partido pretensamente sem os vícios e as mazelas vistas nos 27 existentes no país é a intenção do grupo de 181 pessoas que há pouco mais de um mês fundaram o Novo. A legenda surge com a proposta de imprimir eficiência à gestão pública priorizando controle de despesas, metas e planejamento e qualidade de equipe. E sublinha que nenhum dos seus idealizadores tem a política como profissão.
Segundo o site da sigla, os fundadores são de dez estados, atuam em 35 diferentes áreas profissionais da sociedade civil. Há engenheiros, advogados, estudantes, médicos, economistas e donas de casa. A maior parte é oriunda do Sudeste. Do Nordeste, há apenas um nome – um administrador do Rio Grande do Norte. Ainda longe das ruas, o Novo se apoia na comunicação virtual parase fortalecer e, principalmente, angariar as 500 mil assinaturas de apoio necessárias ao seu registro no Tribunal Superior Eleitoral.
Com estatuto elaborado e diretório nacional definido, o partido tem como presidente e vice os engenheiros civis, João Dionísio Amoedo e Marcelo Lessa Brandão, ambos de 48 anos. Membro do Conselho de Administração do Itaú-BBA e da João Fortes Engenharia, Amoedo explicou, em entrevista (ao lado), que o Novo é resultado da inquientação de um grupo de amigos que tentava um caminho para colaborar com a sociedade. Segundo ele, após analisar alternativas, conclui-se que a criação de um partido que buscasse a eficiência da gestão seria a contribuição mais viável.
Gestado no mesmo período em que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, preparava-se para criar uma legenda que pudesse lhe garantir plataforma para voos mais altos, o Novo rechaça qualquer indício de personalização. Enquanto o PSD já aparece como o ´partido de Kassab`, a sigla presidida por Amoedo quer ser lembrada por ideias. ´A gente quer criar um partido de ideias e não de pessoas`, disse.
O Novo não conta ainda com representantes nos estados, mas já tem sede em Brasília – condição exigida para se tornar um partido. O símbolo da legenda guarda semelhança com logomarcas de produtos conhecidos. Segundo Amoedo, a imagem de modernidade passada no site foi pensada para mostrar a quem não tem afinidade com a prática política que o partido é, de fato, diferente.
Entre as novidades do estatuto da sigla algumas se destacam: suplentes e vices serão escolhidos em convenção de modo independente da candidatura ao cargo principal; o filiado eleito para cargo no Legislativo não poderá se candidatar a mais de uma reeleição consecutiva.