Blog do Noblat, 21/07/201, Murilo Aragão – Cientista Político.
Faltando pouco mais de um ano para as eleições municipais de 2012, que será estratégica para os partidos políticos acumularem forças para 2014, uma série de migrações ocorreram no tabuleiro partidário.
Até o momento, 27 partidos registrados no TSE estão habilitados a lançar candidatos às Eleições 2012.
A grande novidade é o surgimento do PSD, que ainda não cumpriu todos os trâmites exigidos pela Justiça Eleitoral para que possa participar do processo eleitoral de 2012.
Criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (ex-DEM), com o objetivo de conduzi-lo ao Palácio dos Bandeirantes em 2014, o PSD atraiu nomes importantes da política brasileira.
A criação do PSD traz como conseqüência o enfraquecimento do DEM. Grande parte do filiados à nova legenda veio dos Democratas.
Nos bastidores, também se comenta que o PSD conta com o apoio logístico do PSB, sobretudo do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, um dos pré- candidatos cotados para o Palácio do Planalto em 2014.
O PSDB, principal partido de oposição a presidente Dilma Rousseff, perdeu quadros importantes em São Paulo, seu principal reduto. Os tucanos perderam sete de seus treze vereadores (Gilberto Natalini, Juscelino Gadelha, Dalton Silvano, Adolfo Quintas, Ricardo Teixeira, Souza Neto e José Police Neto), reduzindo assim a bancada do partido na capital para seis parlamentares.
Nacionalmente, o PSDB perdeu a senadora Marisa Serrano (MS). Ela renunciou ao mandato e saiu do partido para assumir uma vaga no Tribunal de Contas do Estado do Mato Grosso do Sul. Marisa foi uma das coordenadoras de campanha de José Serra na última eleição presidencial, em 2010.
No PMDB, as migrações partidárias também se concentram em São Paulo. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, e o deputado federal Gabriel Chalita, ambos do PSB, filiaram-se ao PMDB. Chalita deverá ser o candidato do partido à prefeitura de São Paulo em 2012.
A saída de partido mais aguardada foi a da ex-senadora e ex-candidata a presidente Marina Silva.
Após deixar o PV, não se sabe se Marina vai criar uma novo partido ou se irá para outra legenda (o PPS, por exemplo, é especulado como uma possibilidade). Um novo partido criado por Marina poderá mexer ainda mais no tabuleiro partidário.
De olho em Marina, uma dos novos partidos que vai pedir registro no TSE é o Partido Ecológico Nacional (PEN), criado pelo ex-deputado estadual do PRONA Adilson Barroso. Segundo Barroso, o PEN já está legalizado em sete estados.
Nesta semana, mais um partido surgiu no cenário político: o PDN que já tem manifesto e lideranças e está na busca das assinaturas necessárias. Surge a partir de dissidência do abalado PR e poderá esvaziar, ainda mais, os partidos de oposição.
Com pelo menos três partidos no forno da justiça eleitoral, novas migrações poderão ocorrer de agora até outubro, quando faltará um ano para as eleições municipais. Este é o prazo exigido pela Justiça Eleitoral para que o político esteja filiado a legenda pela qual será candidato nas eleições do ano seguinte.
Com o endurecimento das regras de fidelidade partidária, a criação de partidos virou uma alternativa para a irresistível volatilidade do político brasileiro.
Além das novas legendas mencionadas, existem outras tantas em fase de estruturação. Caso se medisse a vitalidade de nossa democracia pelo número de partidos, o Brasil estaria bem.
Porém, não é o caso. A motivação de muitos não é, infelizmente, republicana e termina validando a frase: pequenos partidos, grandes negócios.