Nova chefe do FMI alerta para fluxo excessivo de capitais para emergentes
Thiago Azurem
julho 06, 2011
UOL Economia, 06/07/2011
Em sua primeira entrevista coletiva como diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), a francesa Christine Lagarde prometeu nesta quarta-feira levar adiante as reformas em curso na instituição para dar mais voz às economias emergentes. Ela alertou, no entanto, que o fluxo excessivo de capital para esses países são um dos principais problemas no momento.
"Há um movimento volumoso de investimentos em áreas do mundo que não estão preparadas para isso e há o temor sobre os efeitos (disso) em suas economias", disse Lagarde, em Washignton.
Segundo ela, partes do mundo emergente se deparam com o "risco de superaquecimento (da economia) e de inflação".
A ex-ministra das Finanças da França disse ainda que o alto nível de endividamento de alguns países, uma referência indireta à Grécia, é outro problema que precisa ser atacado imediatamente.
Lagarde ressaltou, no entanto, que a questão do alto endividamento vai além da zona do euro. "É um assunto muito amplo que precisa ser tratado de forma urgente".
Reforma
A nova chefe do FMI se comprometeu a "completar as reformas" na instituição, dizendo que "a governança e as quotas precisam ser reajustadas".
"O mundo vai continuar a mudar", disse Lagarde. "Nós temos essas placas tectônicas que estão se movendo no momento, e isso precisa estar refletido na composição da governança e do emprego no Fundo", afirmou.
Países emergentes, entre eles o Brasil, vêm pressionando por reformas, entre elas a redistribuição de cotas, que reflitam o papel de maior destaque dessas economias no atual cenário global. Também querem que o FMI quebre a tradição de eleger sempre um europeu para o cargo principal.
Quando anunciou seu apoio à candidatura de Lagarde para o cargo – em detrimento do mexicano Agustín Carstens, que pretendia ser o primeiro representante de um país latino-americano no comando do FMI – o governo brasileiro já havia ressaltado o compromisso da francesa em avançar no processo de reforma do FMI.
A ex-ministra das Finanças assumiu o cargo após a renúncia de Dominique Strauss-Khan, que chegou a ser preso em Nova York acusado de abuso sexual contra a funcionária de um hotel. Ele foi solto na semana passada após a promotoria reconhecer que a camareira pode ter mentido.