As ações da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD, razão social do Pão de Açúcar) roubaram a cena na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) na semana passada.
Na quarta-feira, dia seguinte à divulgação da proposta de fusão da varejista controlada pela família Diniz com o Carrefour Brasil, as negociações com os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) da empresa giraram R$ 1,7 bilhão, e fecharam em alta de 12,3%. As ações encerraram a semana cotadas a R$ 72,99, com alta de 12,17%.
Foi o maior avanço da Bolsa no período. Isso fez o valor de mercado da empresa aumentar R$ 2 bilhões, passando de R$ 16,8 bilhões, no dia 24, para R$ 18,89 bilhões. Além de surpreendente, tal desempenho contrariou a avaliação de boa parte dos analistas de mercado. A leitura mais comum entre eles é a de que ainda é cedo para tanta empolgação, uma vez que há muitas dúvidas sobre o desfecho da fusão, revela reportagem de Ronaldo D'Ercole.
O sócio francês do Pão de Açúcar, o Casino, já se declarou contra a operação de fusão com seu maior rival e pediu abertura de arbitragem na Câmara de Comércio Internacional (CCI). Na quarta-feira o Casino informou ter comprado R$ 1,1 bilhão em ações da empresa, arrefecendo em parte o entusiasmo de muitos investidores com os ganhos que uma eventual fusão traria à empresa.
A voracidade com que o grupo francês ampliou sua fatia nos papéis da CBD, de 36% para 43% do capital total apenas em uma semana, foi vista como estratégica para o veto à fusão.
– Isso mostra que nem o Casino sabe ao certo os desdobramentos do processo – diz Júlia Monteiro, analista da Ativa Corretora, que colocou as ações da CBD em perspectiva "negativa no curto prazo". – As incertezas sobre a fusão são sinônimo de volatilidade.