Brasileiros avalizam início de gestão, mas apontam desafios da presidente
Thiago Azurem
março 21, 2011
Folha de São Paulo, 20/03/2011
Brasileiros avalizam início de gestão, mas apontam desafios da presidente
MAURO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
As ações iniciais de Dilma Rousseff como presidente foram mais bem recebidas pelos brasileiros do que as de qualquer outro antecessor.
Nem mesmo Lula, no início do segundo mandato, superava a atual presidente. Mesmo com esse aval, Dilma recebe claros recados da população: saúde é o problema mais urgente, mas segurança pública, combate à corrupção e transporte são vistos como carências cruciais desse início de governo.
Some-se o reajuste do salário mínimo, que desagradou oito em cada dez brasileiros.
A primeira pesquisa feita após os primeiros meses de gestão reflete a imagem pós-campanha do governante e os efeitos de seus primeiros atos tornados públicos desde a posse, principalmente aqueles com maior repercussão midiática.
Não é por acaso que Dilma agora se sai melhor entre as mulheres. Um dos temas mais martelados até aqui foi o pioneirismo de sua posse complementado pela inclusão de mulheres em diversos cargos de governo.
A escolha estratégica de Ana Maria Braga e Hebe para conceder suas primeiras entrevistas na TV coroou a simbologia dos primeiros atos. Foi uma estratégia inicial de construção de imagem bem sucedida, que reverteu a persistente tendência de um apoio maior a Dilma entre os homens, observada durante a campanha.
As demandas retratadas pela pesquisa em áreas estratégicas representam também oportunidades que definirão se esse sucesso inicial se confirmará.
No início do primeiro mandato de Lula, um terço dos brasileiros adultos apontava o desemprego como problema prioritário. Em segundo lugar apareciam fome e miséria. Hoje esses temas surgem em muito menor proporção, o que ajuda a entender boa parte do êxito popular do governo Lula.
Neste momento, como esperado, Dilma tem a metade da aprovação de seu antecessor. As avaliações futuras de seu governo serão definidas em grande medida pela percepção que os brasileiros terão, nos próximos anos, das melhorias na área de saúde pública, do combate à violência e à corrupção e da redução do desconforto no transporte público.
A saúde é lembrada por um terço dos brasileiros como principal problema do país. As demais estão entre as áreas percebidas como de pior desempenho do governo. Dilma não é Lula, mas os brasileiros sabem e evidenciam qual é o caminho para que ela se aproxime ou se afaste dele.