Às vésperas do fim do seu programa de estímulo de US$ 600 bilhões, o banco central dos EUA (Fed) disse que o cenário da maior economia mundial piorou e afirmou que os problemas podem persistir no ano que vem.
O organismo reduziu ontem a sua previsão para o crescimento do PIB em relação à projeção feita em abril e elevou a sua estimativa para a taxa de desemprego para este ano e para 2012.
O anúncio fez com que as Bolsas americanas, que tinham leve alta antes da declaração, terminassem o pregão em baixa. O índice Dow Jones, o mais importante de Nova York, recuou 0,66%. No Brasil, a Bovespa caiu 0,37%.
A recuperação da economia americana, especialmente do mercado de trabalho, é considerada vital para o sucesso da reeleição do presidente Barack Obama no ano que vem.
A piora das estimativas feitas pelo Fed é resultado dos números desapontadores da economia americana: o PIB do primeiro trimestre teve um avanço fraco, o desemprego continua a subir e os preços das casas (origem da crise) caíram para o menor patamar desde 2002.
"Nós não temos uma leitura precisa sobre o porquê de esse ritmo mais fraco de crescimento estar persistindo", afirmou o presidente do Fed, Ben Bernanke.
"Algumas dessas turbulências que têm nos preocupado, como o enfraquecimento do setor financeiro, problemas no setor imobiliário e questões de balanço e de desalavancagem, podem ser mais fortes e mais persistentes do que imaginávamos."
FIM DA RECOMPRA
As declarações de Bernanke foram feitas após a reunião do banco central que confirmou que o programa de US$ 600 bilhões de compra de títulos do Tesouro americano, adotado no ano passado para tentar estimular a economia, será encerrado no fim deste mês.
O programa foi criticado por vários países, entre eles, o Brasil, porque teria ajudado o dólar a se desvalorizar em relação a grandes moedas, ajudando o setor exportador americano e tirando competitividade da concorrência estrangeira.
Apesar do fim do programa, Bernanke não descartou que o BC possa adotar mais medidas para a economia.
Ele, porém, ressaltou que o cenário atual é diferente de quando o Fed iniciou a aquisição de papéis do governo, ainda que a economia estivesse fraca nos dois momentos.
Na época, havia o risco de deflação. Agora os preços estão acima do desejado pelo Fed -subiram 3,4% em maio ante o mesmo mês de 2010.