A indústria fabricante de material de construção, termômetro do setor da construção civil, prepara-se para fazer a segunda revisão para baixo das expectativas de crescimento para 2011.
A previsão inicial de crescimento de 9% no faturamento neste ano havia sido revisada para 7%. Agora, a indústria espera os resultados das encomendas de junho para fazer uma nova estimativa, ainda mais baixa.
"Estamos esperando os dados consolidados de maio e junho, mas, diante do desempenho do setor no primeiro quadrimestre, considero cada vez mais difícil conseguirmos crescimento de 7% neste ano", diz Melvyn Fox , presidente da Abramat (Associação Brasileira de Materiais de Construção).
No primeiro quadrimestre, o faturamento dessa indústria cresceu apenas 0,96% em relação ao período de janeiro a abril de 2010.
A associação atribui o fraco desempenho no período às medidas de contenção do crédito e da inflação.
"O primeiro semestre foi decepcionante. Também estamos esperando os dados de junho para revisar para baixo a estimativa inicial para o ano", disse Cláudio Elias Conz, presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção).
De 8,5% de crescimento, a nova expectativa não deve passar de 5%.
"Até agora, andamos de lado. Não foi negativo, mas também não foi positivo", disse Conz.
Segundo a Anamaco, a elevação de juros e o aumento do IOF afetaram o crédito de curto prazo, combustível para a principal fonte de venda de material de construção: a reforma e a ampliação. Esse segmento representa 78% das vendas no país.
O fraco desempenho das vendas já se reflete no ânimo da indústria fabricante de material de construção.
De acordo com a última sondagem, a Abramat constatou que o otimismo em relação às vendas do setor já não é mais o mesmo: de 64% em abril baixou para 44% em maio. Há um ano, 80% dos industriais do setor estavam otimistas sobre o desempenho das vendas.
QUEDA GERAL
A Abramat é a segunda associação industrial ligada à produção de material de construção a acusar fraco desempenho nas vendas.
Há duas semanas, a Asfamas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais para Saneamento) divulgou índice de vendas ainda mais preocupante.
No primeiro quadrimestre, essa indústria apurou uma queda de 26% nas vendas de material para saneamento.
O vice-presidente da associação, Carlos Alberto Rosito, disse que a razão para esse retrocesso foi o atraso nas obras de saneamento.
O Ministério das Cidades refutou o argumento e disse que o ritmo do setor teria até aumentado.