As pesquisas de opinião revelam que presidentes da República assumem com a confiança e a expectativa positiva dos eleitores. Por um tempo, atores buscam mudar de partido. Governadores elogiam o chefe do Executivo. A imprensa aposta na reeleição do presidente. E analistas políticos frisam que a oposição não mais existe. Após um tempo, crises surgem e possibilitam a origem de visões pessimistas e otimistas quanto ao desempenho presente e futuro do governo.
Políticos, imprensa e analistas são costumeiramente apressados em suas análises. A pressa sugere o erro. Analisar fatos e prognosticar futuros plausíveis são ações que devem ser realizadas por analistas através de notícias informais ou das advindas da imprensa.
A primeira crise do governo Dilma era esperada em razão do seu estilo e da condição estrutural do seu governo. Dilma não conversa com a base. E nem afaga. O PT deseja cargos e está insatisfeito com os espaços concedidos ao PMDB. Este, por sua vez, deseja cargos. Portanto, Dilma está entre duas espadas – o PMDB e o PT. Outros partidos da base aliada também desejam ocupar cargos. Portanto, Dilma, como outros presidentes, estão diante do seguinte problema: como realizar um governo eficiente, diante da voracidade por cargos da base aliada?
Palocci é uma solução para Dilma e ao mesmo tempo um problema. Solução em virtude do seu respaldo perante os parlamentares e junto aos agentes econômicos. É verdade que alguns atores, inclusive do PT, reclamavam de Palocci. Mas nada como um susto ou uma chamada da presidenta para ele voltar a ser humilde e atender as demandas dos atores.
Porém, neste momento, Palocci é um problema moral para o governo. Pois, até o instante, explicações convincentes não foram dadas pelo ministro quanto às denuncias trazidas pela imprensa. É importante Dilma ficar atenta aos desdobramentos do Caso Palocci. Pois ela pode ser atingida!
A não aprovação do Código Florestal era esperada pelo governo Dilma. A presidenta pode não ter feito o esforço necessário para reprovar a proposta de Aldo Rebelo, pois não tinha a intenção de se apresentar junto à bancada ruralista como um entrave à expansão do agronegócio. Por erro de avaliação, é possível que ela tenha tentado de última hora solicitar a sua frágil base aliada apoio contra Rebelo. Mas ai já era tarde! O fato é que Dilma não teve forte interesse de ir contra ao Código Florestal proposto.
A crise por qual passa o governo Dilma é momentânea. Mas outras virão, as quais podem representar desdobramentos desta primeira. Palocci, caso seja mantido num governo, é uma bomba ambulante pronta para explodir. A base aliada é fragmentada, mas com interesse semelhante, qual seja: ocupar espaços no estado. As eleições de 2012 provocarão atritos entre PT, PSB e PMDB. Existe a ameaça da alta da inflação diante da expectativa de reduzido crescimento econômico. Diante destes possíveis eventos, não recomendo que considerem Dilma favorita para ser reeleita em 2014.